quarta-feira, março 24, 2010

Um menino de Oco de Árvore

Certa vez, estava no Parque Municipal de Belo Horizonte, aguardando o início de um espetáculo: Na pontinha do Sonho, de Silvino Fernandes... Era o Grupo Patati Patatá e o Grupo Zero, um trabalho maravilhoso de Teatro de Bonecos...Enquanto aguardava, me divertia nos pedalinhos da lagoa...Avistei, então, à margem do pequeno lago, uma criança pescando...Aproximei-me. Começamos a conversar e ele, a me contar, em pedacinhos de fala, um pouco da sua vida. Foi um papo agradável, apesar de surreal. O que ele contava, era muito natural em seu contexto, para ele...
Quando nos despedimos, convidei-o para ir ao Teatro comigo, pois era algo que ele gostaria muito, segundo afirmou com interesse e entusiasmo. Nunca havia visto uma peça... Quando desci do pedalinho, algum tempo depois, ele, de repente, surgiu detrás de uma grande árvore com um embrulho de jornal nas mãos. Sorriu e disse: "Eu queria dar para a senhora"... Abriu o presente. Lá estava, um grande peixe prateado, refletindo a luz dourada do pôr-do-sol. Agradeci muito por sua gentileza, e expliquei que não sabia preparar um peixe de forma adequada, que ele iria fazer melhor proveito de sua pescaria no parque... O menino se despediu, rindo de mim e se foi, sumindo na escuridão do Parque Municipal...Voltei, depois, ao local, conforme o combinado, para levá-lo ao Teatro e começarmos um contato para um encaminhamento. Mas, ele sabia perfeitamente, embora pequeno, devia ter lá seus nove ou dez anos, que corria o risco de perder a sua liberdade...Perguntei se levaria o peixe para sua mãe, e uma sombra atravessou o seu olhar, era , sim, mais provavelmente, um pequenino morador de rua.
Esse episódios na vida gente são frestas através das quais contemplamos a estranha diversidade da experiência humana, aprendizagens cujo curso não conseguimos interromper, mas, nos despertam profunda e intensa compaixão.
Algum tempo depois, escrevi uma peça teatral, inspirada neste menino...
Um Menino de Oco de Árvore, que precisava reencontrar sua esperança para entrar na festa da vida...
Trabalhei com questões relativas aos direitos das crianças de se desenvolverem, de participarem plenamente do contexto cultural humano, vivendo uma vida digna. Através do imaginário que a Literatura possibilita, busquei criar uma história simbólica, mas, capaz de provocar a reflexão do espectador. A gente, afinal, escreve pra isso mesmo...Nos encontramos com as crianças agora, enquanto é tempo de ajudá-las a compreender o quanto é importante interferir no futuro de modo que as próximas gerações não tenham que sofrer o que nós sofremos pelo descaso dos que nos precederam...O futuro é tão somente um reflexo do presente, nós já sabemos, e elas, as crianças, precisam ir entendendo isso o mais rapidamente possível...
Virgínia, a amiga do protagonista, canta para ele, num dado momento da peça: "O país dos sonhos é de todo mundo, /todo mundo pode sonhar...Eu descobri, que lá no fundo, / quem não gosta de imaginar? Uma coisa bonita, um lugar distante, / que fica lá onde tudo pode vir-a-ser... / Um brinquedo, ou uma estrada brilhante, / que vai pra lá onde a gente quer viver... / O Tutuca quer entrar na festa,  / na festa ele vai entrar. /  União, nossa força é esta: / o seu sonho vamos realizar"!
Isso equivale dizer, que futuro vamos querer agora? Juntos, podemos querer...e começar!

Veja mais livros nossos em rhttp://www.editorarhj.com.br/
Sobre o espetáculo veja o que diz Rodrigo Robleño. Disponível em: http://teatrocircoteatro.blogspot.com/

domingo, março 07, 2010

Murta, flor de noiva

Hoje, à tarde, quando retornei para casa, caminhando pela minha rua, reparei que as Murtas estavam floridas...Pensei: será que a Murta que plantei deu seu primeiro ramo de flor? Tratei de verificar e encontrei! O buquê, perfeito, com aquele aroma delicioso...que florzinha mais delicada e bela!
Plantei a árvore no gramado da calçada larga, em frente a janela da sala...quando se tornar adulta e florescer, o seu perfume vai entrar pela casa, trazendo sua paz...Não sei porque motivo, mas, para mim, este é o cheiro da felicidade!Alguma coisa em minha memória associa o aroma da Murta a um sentimento de alegria, de tranquilidade, de indizível bem-estar espiritual...Já pintei sumi-ê com tinta guache Talens e água com flores de Murta...é muuuito bom! Estava pesquisando na Internet e descobri que essa água de Murta tem nome: água de anjo!
Nem mais uma palavra caberia aqui, só flor, ao vivo e a cores, com perfume e tudo. Inté!